quinta-feira, 15 de setembro de 2011

As Viagens de Conan - A Cronologia do Personagem (Parte 1)

Em 1936, um fã de Conan chamado P.S. Miller enviou a Robert E. Howard um rascunho sobre a carreira do personagem como ele (Miller) havia organizado, separando sua vida em períodos relacionados a sua ocupação: ladrão, mercenário, saqueador, pirata, rei. Howard comentou que o trabalho estava bem próximo do ideal e corrigiu alguns pequenos erros ao responder a carta de Miller. Este rascunho se tornou a base para o que existe mais próximo de uma Cronologia Oficial de Conan. Informações adicionais foram acrescentadas a esta cronologia por L. Sprague de Camp, um dos maiores conhecedores do Bárbaro e alguns de seus colaboradores ao longo de décadas.

Como resultado, o texto à seguir é o mais completo a discorrer à respeito da biografia do personagem, suas andanças pelo Mundo Hiboriano e suas façanhas que mudaram o panorama desse continente fictício.

Nota: Usei a tradução mais recente dos títulos de cada estória seguido do título original em inglês. Quando não houver tradução para o português, significa que a estória não foi publicada em forma de texto no Brasil.

Conan o Cimério nasceu em um campo de batalha, durante uma luta envolvendo sua tribo e saqueadores Vanir. Trajando uma tanga de couro, ele passou a sua juventude testemunhando a luta contínua entre o seu povo e as várias tribos inimigas que habitavam as fronteiras geladas ao norte da Ciméria. Seu avô tomou parte em vários saques aos Reinos Hiborianos, e suas estórias à respeito das magníficas cidades inflamaram em Conan o desejo de explorar o mundo civilizado.

Aos quinze anos, Conan já tinha 1,80 de altura e pesava 90 quilos, e ainda que ele ele não fosse mais do que um rapaz imberbe, seu nome já era repetido ao redor das fogueiras do conselho tribal pela sua coragem.

Seu primeiro feito notável entre os cimérios foi ter participado do ataque que devastou a cidadela-fortificada Gunderlandense, o Forte de Venarium, construído em uma tentativa de colonizar as terras ao sul da Ciméria. Pouco depois, Conan deixa a Ciméria, mas ao invés de seguir para o sul nas terras hiborianas, viaja para o norte onde se junta aos loiros Aesir, lutando contra seus primos, os ruivos, Vanir.

Sua carreira se inicia em "A Filha do Gigante de Gelo" (The Frost-Giant’s Daughter) onde Conan, como único sobrevivente de um bando saqueador aesir, tem um encontro sobrenatural com Atali, filha de Ymir, deus do inverno.

Posteriormente seus aliados Aesir são capturados por soldados da Hyperborea, Conan é feito prisioneiro, desenvolvendo um ódio mortal contra os Hyperboreos que se manteria aceso por toda sua vida. Depois de liderar uma revolta e fuga, ele segue para a Britúnia a primeira nação Hiboriana que ele conhece. Sem dinheiro e faminto, Conan decide ganhar a vida usando suas habiliaddes como ladrão. Depois de algumas aventuras ele acaba seguindo para Numalia, uma cidade na Nemedia, importante como rota comercial.

Ainda novo em terras civilizadas, ele se envolve em uma tentativa de roubo na casa de um rico mercador e enfrenta a ameaça do "Deus na Urna" (The God in the Bowl).

O assassinato de Aztrias Petanius, uma figura ilustre no reino, força Conan a fugir da Nemedia em direção a Oeste e as terras da Aquilonia. Ele continua a aprimorar suas habiliaddes como ladrão com diferente grau de sucesso. Pouco depois ele se refugia em Koth. Aprendendo que os Zamoranos são mestres na arte do roubo, Conan resolve viajar até essas terras sombrias e deixar sua marca. Ele chega a notória Shadizar, Cidade dos Ladrões cerca de um ano depois de deixar a Ciméria.

Mais audacioso do que experiente, Conan planeja roubar a fabulosa jóia guardada na torre pertencente ao feiticeiro Yara. Com apenas 17 anos, ele consegue ganhar acesso a mítica construção adornada de cristal e marfim, "A Torre do Elefante" (The Tower of Elephant) e se alia ao lendário ladrão Taurus da Nemédia nesse perigoso empreendimento. No interior da torre ele encontra horrores inomináveis e a estranha criatura Yag-Kosha que lhe faz prestar um juramento solene de libertá-lo e extrair vingança contra o terrível Yara.

Depois dessa aventura ele passa algum tempo em Shadizar aprendendo as técnicas dos ladrões e tendo sucesso em alguns roubos. Seu nome começa a ganhar fama e atrair as autoridades. Conan acaba emboscando uma patrulha que havia sido enviada para capturá-lo e faz amizade com um mercenário Gunderlandês chamado Nestor, que se torna seu companheiro. Os dois planejam deixar a Zamora e partem em busca de um tesouro escondido em uma cidadela em ruínas na Borda da Fronteira Ocidental. Em "The Hall of the Dead", Conan ainda é um ladrão profissional, mas já dá mostras de ser antes de tudo um guerreiro feroz e experimentado.

A seguir em "Inimigos em Casa" (Rogues in the House) Conan é jogado na cadeia após assassinar um sacerdote que havia enforcado seu companheiro gunderlandês. O bárbaro concorda em se tornar um assassino para ganhar a liberdade. Ele devia ter por volta de 19 anos.

Conan deixa a cidade estado de Murillo e empreende um breve retorno à Ciméria. Depois segue para as ricas terras ao sul em busca de fama e riqueza. Ele decide então mudar de profissão e se alista como mercenário e espadachim no Exército do Reino de Corinthia.

Na estória "The Hand of Nergal", Conan é o único sobrevivente de uma batalha próxima da cidade de Yaralet. Rumando para o sul ele é contratado por um Príncipe rebelde de Koth. Antes de entrar em batalha, o príncipe jura lealdade ao Rei deixando quase cinco mil mercenários sem trabalho. Chamando a si próprios de "Os Companheiros Livres", eles começam a pilhar as cidades dos reinos de Koth, Zamora e Turan.

Shah Amurath, o Lorde turaniano de Akif, arregimenta uma tropa de quinze mil homens, caíndo sobre os mercenários no Rio Ilbars, fronteira com Turan onde passa cada homem pelo fio de suas cimitarras. Conan consegue escapar do massacre e ruma para o Leste às margens do Mar Vilayet.

Conan consegue ter a sua vingança contra Shah Amurath em "Sombras de Ferro sobre a Lua" (Shadows of Iron on the Moon) mas ele e uma jovem de nome Olivia acabam aprisionados em uma ilha fantasmagórica no mar interno de Vilayet. Enfrentando entidades sobrenaturais, o bárbaro e sua companheira conseguem escapar por pouco.

Conan se torna então capitão de uma embarcação pirata por um curto período de tempo. Esta é a primeira vez que ele assume a posição de liderança, mas infelizmente, sua falta de experiência faz com que a tripulação o abandone na primeira oportunidade. Conan acaba na margem leste do Mar Vilayet onde visita várias cidades do Reino de Hyrkania. Enquanto isso, o Rei Yildiz de Turan é deposto, e seu sucessor, Yezdigerd, embarca em uma campanha militar imperial que visa transformá-lo no senhor do maior Império do Mundo. Durante sua estadia na Hyrkania, Conan enfrenta invasores Turanianos e aprende o uso do arco enquanto serve como mercenário.

Cansado do Oriente, ruma para o Oeste e tem uma desagradável experiência com um bando de saqueadores kozaki liderados pelo perigoso Olgerd Vladislav. Conan retorna aos reinos Hiborianos e se alista no exército de Amalric da Nemédia, ascendendo na hierarquia e se tornando Capitão de uma Coluna de Lanceiros mercenários. Amalric cede seu exército mercenário para Yasmela, rainha regente do Reino de Khoraja. Conan tem por volta de 22 anos.

Yasmela (aconselhada pelo Deus Mitra) é convencida a entregar a liderança de suas tropas a um novo comandante, o próprio cimério. Em "O Colosso Negro" (The Black Colossus), Conan se converte em defensor de um reino à beira da desgraça sob as maquinações do feiticeiro Nathohk -na verdade um morto vivo que atendia pelo nome de Thugra Khotan de Kuthchemes.

Depois de derrotar Nathohk, Conan desfruta de um breve período de calmaria ao lado da Rainha Yasmela. Mas os conselheiros reais terminam por afastá-lo da liderança das tropas. Ele decide então buscar por uma nova guerra onde sua espada possa ser útil. Ouvindo rumores de uma possível guerra em Argos, ele cavalga para o litoral ocidental. Problemas com a lei em Messantia o obriga a pegar o primeiro navio seguindo para o sul.

Nas Terras Negras, Conan se alia a pirata Bêlit e sua tripulação de corsários à bordo de seu navio, o Tigresa. A estória é narrada em "A Rainha da Costa Negra" (Queen of the Black Coast). Conan tem cerca de 23 anos quando recebe o apelido de Amra, o Leão, e juntos os dois saqueiam a Costa Negra e incendeiam a frota estígia. Bêlit se torna a amante de Amra e o amor de sua vida, e (por Crom!) essa é uma boa vida.

Mas a tórrida paixão (que durou dois anos) seria interrompida pela tragédia, quando os corsários ousaram buscar um tesouro maldito além do Rio Zarkheba, no coração da selva. Após a morte de Bêlit, Conan atea fogo no Tigresa e segue sem olhar para trás rumo a Shumballa, a capital de Kush.

Logo o bárbaro decobre que um demônio está aterrorizando a cidade, na estória "The Snout in the Dark". Ele resgata Tananda, irmã do Rei de Kush, da morte certa em um tumulto e é contratado como Capitão da Guarda Real. Envolvido em intrigas palacianas, o cimério revela um complô e expõe a identidade do mestre do demônio. Ele conta 25 anos de idade.

A natureza irriqueita do bárbaro faz com que ele abandone o posto de Capitão e siga para os portos Kushitas, onde ouve notícias sobre os preparativos para uma Grande Guerra em Terras Hiborianas. Ele fica sabendo que seu ex-empregador Amalric, se prepara para marchar contra o impopular Rei Strabonus de Koth. Farejando sangue, ele viaja para Koth e se junta a tropa como mercenário. Mas Conan uma vez mais se encontra do lado errado. As forças do Rei Strabonus empurram os soldados mercenários para o deserto onde aniquilam as tropas com flechas e pragas lançadas pelos seus aliados, os estígios.

Conan e uma jovem brituniana chamada Natala são os únicos sobreviventes da campanha. Juntos os dois perambulam pelo deserto até avistar a cidadela de cristal Xuthal e buscam refúgio em seu interior sem saber os horrores que habitam esse lugar. O bárbaro derrota a entidade demoníaca chamada Thog em "Xuthal do Crepúsculo" (The Slithering Shadow) e foge com Natala para o Norte.

Integrados a uma caravana de mercadores os dois cruzam o soturno Reino da Estígia onde Conan entra em contato com sua misteriosa história e cultura. Durante a viagem ele passa por Darfar onde tem o primeiro contato com os assustadores cultos canibais e pelo Lago Zuad, onde habitam os Tlazitlans, uma raça monstruosa que descende dos estígios. Quando a caravana chega aos eu destino final, a cosmopolita capital Luxor, a dupla segue caminhos opostos. Conan com 26 anos, é contratado como Capitão da Guarda Real de Khauran, na fronteira ocidental de Koth.

Em "A Witch Shall Be Born", a Rainha de Khauran, Taramis é vítima de um complô arquitetado pela sua irmã gêmea Salomé. Conan é capturado e pregado em uma cruz para morrer no deserto. Ele é salvo pelo cruel Olgerd Vladislav, que se tornou chefe de uma tribo nômade de saqueadores do deserto, os Zuagir. Sete meses mais tarde, Conan depõe Olgerd, e se junta à revolta para retomar o reino e restaurar Taramis ao trono. Ele decide permancer como líder dos Zuagires.

Não satisfeito meramente em saquear as cidades shemitas e postos avançados turanianos, Conan usa seus lobos do deserto para levar o caos à fronteira do mais rico reino da Era Hiboriana. Em um determinado momento ele cogita saquear a rica cidade turaniana de Zamboula, mas acaba desistindo da idéia e abandona a liderança da horda (presumivelmente por não querer lidar com um número tão grande de homens que precisavam ser abastecidos frequentemente em um ambiente árido e inóspito).

O bárbaro não fica muito tempo afastado da vida de bandoleiro. Cavalgando para o leste ele se junta a um bando de perigosos saqueadores, os Kozaki. Usando de persuasão e de sua espada ele rapidamente se torna um líder respeitado e temido. Tendo aprendido muito a respeito de pilhagem ao longo de seus 28 anos de vida, Conan se alia aos piratas que infestam o Vilayet, e conduz suas forças em ataques relâmpago nas cidades às margens do mar interno. Seus homens fazem fortuna saqueando as ricas caravanas de Khitai e Vendhia.

As autoridades turanianas incapazes de lidar com as depredações dos kozaki resolvem atrair o chefe dos saqueadores com uma bela isca, a escrava Octavia. Em "O Demônio de Ferro" (The Devil in Iron), Conan é caçado implacavelmente por soldados turanianos e tem que se refugiar na ilha de Xapur onde habita uma criatura diabólica contra a qual espadas se quebram em pedaços. O bárbaro precisa usar toda a sua astúcia para sobreviver a esse desafio.

Depois de perder uma importante cidade para as hordas kozak, o imperador de Turan envia Kerim Shah, seu mais experiente espião com a missão de infiltrar no bando de Conan e descobrir mais sobre ele. Disfarçado como um renegado hirkhaniano ele ganha a confiança do chefe e se torna um de seus capitães, plantando as sementes para a destruição do bando. Conan consegue escapar, mas sua tropa é fratuarada e ele tem de seguir para as Montanhas de Himelia que fazem fronteira com a orgulhosa nação de Vendhya.

Enquanto cruza a região adjacente a Província do Ghulistão, Conan faz amizade com homens das tribos guerreiras, os Afhguli. Depois de provar seu valor e bravura ele ganha o posto de chefe de guerra. Unindo sete tribos dos povos da montanha sob uma mesma bandeira, o bárbaro forma um exército e leva o caos às rotas de comércio entre Vendhia e Turan.

O destino intervém quando líderes Afghulis são feitos prisioneiros. Conan rapta a Devi de Vendhia, Yasmela para conseguir barganhar a libertação de seus homens. Em "Os Magos do Círculo Negro" (The People of the Black Circle) o cimério enfrenta os Profetas do Círculo Negro que vivem no Monte Yinsha. Ele se vê obrigado a juntar forças com um velho inimigo, Kerim Shah, para salvar Yasmela.

As viagens de Conan continuam...

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