quarta-feira, 15 de julho de 2015

True Detective Recap episódio 4: "Down will Come"


Balas voando para todo lado, rajadas de metralhadora, explosões, mortes...

O quarto episódio de True Detective "Down will Come" (A Queda Virá) foi até o momento o mais movimentado, com uma longa sequência de ação. Ao fim do tiroteio dava até para sentir o cheiro de pólvora no ar. Cadáveres estavam espalhados pelas ruas de Vinci, um andar inteiro de um prédio explodiu e ainda ardia em chamas, feridos agonizavam tentando se proteger, havia sangue para todo lado. Os três detetives tentavam entender o que havia acontecido, incrédulos olhavam uns para os outros imaginando a sorte que haviam tido, sobrevivendo ao massacre.

Mãos trêmulas, olhos arregalados, terror estampado na face. Em True Detective uma troca de tiros mesmo que envolva os protagonistas não é a mesma coisa do que um tiroteio num filme de ação qualquer. Aqui as balas não param, os feridos sangram, cospem e praguejam e os envolvidos querem apenas sobreviver. Não há brigas coreografadas, não há heróis trocando sopapos ou empregando artes marciais. Só a realidade de tiros e as consequências após tirar uma ou várias vidas.

No final desse episódio vemos a imagem congelar e ao longe o som das viaturas se aproximando. Qual será a repercussão desse massacre? O que acontecerá com os detetives depois de se envolverem em uma matança desse tamanho? Que rumo irá tomar a investigação da morte de Ben Caspere?

Mas antes de mergulhar nessas questões, que tal examinar os acontecimentos que nos levaram a esse final dramático?

O episódio pode ser dividido em antes e depois do tiroteio. Os primeiros 45 minutos foram repletos de diálogos pesados e de uma investigação que parece se tornar cada vez mais complicada. Os detetives enfim Estão fazendo as perguntas para as pessoas certas e ficou óbvio que a investigação está incomodando indivíduos poderosos que podem muito bem estar por trás da morte de Caspere.


Ani é a primeira a enfrentar as dificuldades impostas pela investigação que começa a transbordar afetando a sua vida pessoal. A visita a casa do Prefeito Chessani não ficaria impune. Não se mexe com uma família que está no poder há mais de 100 anos impunemente. No primeiro episódio Ani fez graça com a Família número um de Vinci, dizendo que o prefeito governa 90 pessoas. Bem, ela vai ter tempo para se arrepender de sua brincadeira. Logo ficou claro que o Prefeito não vai deixar barato essa "invasão de privacidade". Sua esposa, seus filhos e ele mesmo podem ou não estar envolvidos na morte de Caspere, mas de uma forma ou de outra ele não vai tolerar que um detetive entre na sua casa e comece a fazer perguntas.

A maneira como ele decide atacar Ani chega a ser nojenta. Ele vai direto na jugular! 

A detetive é acusada de "conduta imprópria" uma vez que se envolveu sexualmente com um policial subalterno. Trata-se do mesmo sujeitinho que vimos no primeiro episódio ganhando um bilhete azul da detetive depois de se recusar a fazer alguma coisa entre quatro paredes. É claro, vimos o sujeito no episódio três tentando reparar os danos e levando outro chega prá lá. Parecia óbvio que aquilo ia acabar virando um problema mais cedo ou mais tarde. Infelizmente para Ani, parece que foi mais cedo.

Mas não é só isso: seu comandante, o encarregado de lhe dar as más notícias explica que pesa ainda sobre ela mais algumas acusações, entre as quais um envolvimento recente com seu parceiro. Outra transgressão complicada no entender do Departamento de Polícia. O mais engraçado, é relacionar esse acontecimento com o conselho de uma das chefes do departamento para que ela tentasse o mesmo com Velcoro para obter informações que pudessem ser usadas mais tarde. Na ocasião, Ani se negou, agora ela é acusada de má conduta, sendo que tudo ocorreu fora do ambiente de trabalho.

A devassa de Chessani foi ainda mais fundo... um verdadeiro exame de cavidades que não deixa nada intocado. O pessoal da corregedoria consegue levantar inclusive que Ani acumula dívidas de jogo e que anda abusando da bebida. O que mais falta para cavar um buraco fundo o bastante do qual ela não vai conseguir sair?

Ani acaba sendo afastada temporariamente e não pode sequer entrar na delegacia até a investigação ser concluída pelo Assuntos Internos. Vingança à jato.

Enquanto isso, as coisas não estão bem para o patrulheiro Paul Woodrugh.


No capítulo anterior tivemos um vislumbre de alguns segredos que o sujeito tenta desesperadamente varrer para de baixo do tapete: seus problemas com a mãe, uma ação questionável no Iraque e um provável envolvimento homesexual com um companheiro de armas. Paul parecia à ponto de explodir quando empurrou o colega e saiu meio que sem rumo. Mas surpresa! No episódio Paul acorda em um lugar estranho e descobre que não dormiu sozinho. O que, para um sujeito que está tentando negar sua sexualidade, deve ser desesperador. 

Mas o pior dia da vida de Paul está apenas começando.

Ele sai aos trancos e barrancos pela rua, incapaz de lembrar o que aconteceu e como diabos foi parar naquela casa. Furioso ele se abaixa e grita consigo mesmo ao perceber que sua moto foi roubada. O sujeito parece realmente se odiar naquele momento, sua face transfigurada pela confusão de sentimentos e emoções conflituosas. Sem muitas perspectivas ele apanha um taxi e volta para o hotel, apenas para dar de cara com um bando de repórteres esperando por ele como se fossem urubus. Os jornalistas o seguem fazendo perguntas sobre um suposto massacre no Iraque (Falujah? Tikrit?) e a respeito de seu envolvimento com a atriz que o acusou de má conduta. De onde saíram esses jornalistas? Como encontraram o local onde ele estava ficando? Não me parece coincidência, ainda mais se considerarmos que Paul acompanhou Ani na visita a casa de Chessani. O sujeito sai correndo e não responde as perguntas.

Para quem acha que a via crucis terminou, pense de novo: lá pela metade final do episódio Paul decide se encontrar com a ex-namorada, a mesma com quem ele havia terminado em meio a uma discussão. Ela marca um encontro num café e revela que está grávida e que quer ter a criança! Uau! Será que dá para piorar? Infelizmente sim! O patrulheiro fica tão alarmado que antes de poder pensar em qualquer outra coisa acaba propondo se casar e assumir a criança. Sem dúvida, na mente tumultuada do detetive, a saída honrada para manter as aparências e conter seu desejo de sair do armário é arranjar uma esposa e constituir família. É claro, esse plano tem tudo para dar errado, mas Woodrugh não parece estar pensando direito.

Enquanto isso, Velcoro experimenta o que relativamente é seu episódio mais tranquilo.


Depois de ter abusado de sua cota de deslizes e de ter sido pdado como morto no final do segundo episódio, Velcoro parece interessado realmente em reparar sua vida. De fato, a busca pela redenção vai passar pela resolução do Caso Caspere num legítimo doa a quem doer. O detetive parece estar tentando reconstruir sua vida, catando os pedaços ainda fumegantes de seu casamento despedaçado e de sua complicada relação com o filho. Nesse sentido, Velcoro faz uma visita ao garoto e oferece a ele o distintivo que pertenceu ao seu pai. "Um presente que um dia" quando o menino for mais velho "ele vai saber apreciar".

Velcoro parece estar em busca da redenção não apenas de seus pecados, mas dos pecados de sua família. Entregar o distintivo para o garoto é meio que dizer, se eu falhar, cabe a você, meu filho consertar as minhas besteiras. Ele não deixa claro, mas trabalho policial parece estar nas veias dos Velcoro. Isso e fazer bobagens! Quem sabe o garoto, se for realmente filho do detetive possa se tornar um detetive e compensar duas gerações de corrupção. Difícil, já que nem sabemos se o garoto é realmente filho de Velcoro.

De qualquer maneira Ray segue tentando. Nesse episódio vemos ele oferecendo consolo para Ani depois dela sofrer seu afastamento e a Woodrugh depois deste ser perseguido pelos jornalistas. Ainda que o consolo no caso de Woodrugh seja ofertar os "remédios" guardados no porta luvas de seu carro: Drogas e bebida para amortecer as lembranças e tornar mais fácil se olhar no espelho. Paul escolhe a bebida.

Velcoro também tem um de seus habituais encontros com seu verdadeiro parceiro, Frank Semyon. É curioso que a cada encontro um tem menos a dizer para o outro. No início a relação dos dois parecia ser de companheirismo, ainda que estivessem de lados opostos da lei, ficava claro que os dois dividiam uma parceria. Frank pagava Velcoro e o tira corrupto aceitava sem pestanejar, isso permitia aos dois conversar quase como amigos. A medida que Velcoro segue pensando em sua redenção (após o sonho/dejavu/alucinação), eles já não tem muito sobre o que falar. Frank até oferece um trabalho na organização, mas Velcoro recusa.


Reparem que Frank chega a tocar no assunto de seu capanga morto no episódio anterior, o misterioso Sr. Stan. Mas quando Velcoro pergunta o que diabos aconteceu com Stan, Frank não parece confiar o bastante nele para dizer o que aconteceu. O elo entre os dois parece estar se esfacelando e na atual conjuntura Frank não tem mais forças para firmá-lo do que Velcoro tem para negá-lo. Incapazes de uma conversa só resta a eles ouvir a mais triste das cantoras de bar lamentar mais um pouco.

E por falar em Frank Symeon ele continua seguindo o rastro de sua fortuna roubada, muito embora nesse episódio o "homem de negócios" continua cedendo espaço ao "gangster". É irônico que ele esteja fazendo o caminho inverso de Velcoro. Enquanto o tira está tentando se livrar da corrupção que suja a sua carreira como uma mancha de café, Frank está cada dia mais próximo do "velho Frank" (o velho Frank Selvagem, como disse o gangser russo Osip Agronov, que o conheceu naqueles tempos).

Acompanhamos Frank coletando dinheiro aqui e ali, raspando o fundo do poço para equilibrar as suas contas, coagindo donos de bar e proprietários de apartamentos. No último episódio ele havia conseguido seu bar de volta, arrancando o boteco junto com os dentes de ouro de seu desafeto Danny Santos, nesse ele afunda ainda mais na lama ao oferecer a dois traficantes o lugar como ponto de venda de drogas por uma porcentagem.

"Parabéns, somos de novo donos de nighclub" ele comenta amargamente com a mulher. É como dizer "estamos de volta à estaca zero" ou "tentei sair dessa, mas não consegui e aqui estamos de novo!". Para piorar ainda mais o seu humor, Frank e sua esposa, Jordan ainda estão em busca do seu herdeiro. Ela já pensa em adoção, mas Frank deixa claro que não vai "herdar os problemas de terceiros". Talvez ele já esteja contemplando até a possibiliadde de arquivar os planos de ter um filho, já que o único legado que ele poderá oferecer é uma carreira de criminoso.

Em uma cena curiosa, os olhos de ratos (representados pelas manchas molhadas na mesa de um bar - e antes no teto de seu quarto) voltam a encarar Frank. Ele não está consgeuindo escapar e os seus sonhos de tornar seus negócios legítimos, limpar seu nome e transmitir um legado estão cada vez mais distantes.

De volta a investigação da morte de Caspere, o caso parece ter andado, ainda que os detetives não tenham percebido. Isso me lembra o que o detetive Martin Hart (Woody Harrelson) disse na temporada anterior sobre a maldição dos detetives: "A pista decisiva está bem diante de seu nariz, mas você não consgeue perceber".


Enquanto conversa com a filha do Prefeito Chessani, Ani acaba sabendo de algumas festas e da trágica morte da mãe da menina, a primeira Senhora Chessani. Aparentemente ela morreu depois de ter sido diagnosticada pelo Dr. Pitlor. Quem lembra do psiquiatra que apareceu no segundo episódio levanta a mão! Estava na cara que esse sujeito seria citado novamente. 

Indo atrás de informações a respeito do bom doutor, Ani e Velcoro fazem uma visita ao Instituto Panticapaeum para ter uma conersa com o pai de Ani, Elliot Bezzerides aquele guru hippie que estava ausente desde o primeiro episódio. Em um momento de sinceridade, Elliott fala a respeito de sua amizade com Pitlor e (adivinha só!) com o Prefeito Chessani. Ao que tudo indica os três estão ligados de alguma maneira, chegando a ter fotos do trio em um retiro nos anos 80. Elliot cita um quarto homem, o pai de Chessani (que deve ter 90 anos! O que me lembra sempre o centenário negócio de aterro sanitário da família). 

O que isso significa? Olha, eu acho muito ruim do roteiro não aproveitar todo esse envolvimento. O grande mistério parece juntar num mesmo balaio de gato pessoas influentes da Califórnia e não seria de se estranhar se ali dentro estiverem Chessani (pai, filho e neto), Pitlov e Elliott, representantes importantes no mundo político, médico e espiritual.

Aliás, cada vez que eu penso a respeito de uma sociedade reunindo pilares da sociedade californiana, o nome Bohemian Grove parece piscar em neon. Será que True Detective vai enveredar pelo caminho de uma das mais misteriosas sociedades secretas dos Estados Unidos? Fico imaginando como será a interpretação deles para os estranhos rituais que dizem, ainda acontecem na sede campestre no norte do Estado.

Bohemian Grove em ritual em Guerneville.
Ah sim... três detalhes que apontam para o Bohemian Grove:

1) A menção da região de Guerneville duas vezes no segundo episódio. Guerneville é o distrito onde fica a mais importante sede do Bohemian Grove, onde os membros mais influentes se reúnem até hoje.

2) A menção a festas com prostitutas regadas a sexo, drogas e rituais estranhos. Por sinal, já circula o boato de que um episódio da temporada vai focar justamente numa dessas festas com orgias ritualísticas semelhantes a apresentada no filme "De Olhos bem Fechados" (Eyes Wide Shut - 1998).

3) As fotos de Chessani ao lado de George W. Bush, que segundo rumores é um membro ativo do Bohemian Grove.

Não acho que a série vai citar diretamente o Bohemian Grove, acredito que vai rolar um "nome fantasia", assim como o roteiro fala de Black Mountain ao invés da notória Black River. Talvez nema HBO queira mexer nesse vespeiro e prefira não dar nome aos bois.

Mas estou fugindo do tema... voltando ao episódio, que tal analisar como o episódio terminou em massacre?

A linha de investigação que conduziu ao tiroteio começou sem muitas pretenções. Woodrugh e o detetive Dixon descobrem uma pista: alguns objetos desaparecidos da casa de Caspere parecem ter surgido nas mãos de uma mulher que passou a muamba roubada em uma loja de penhores. Verificando com quem a mulher costuma andar, os detetives chegam ao nome de um bandido mexicano chamado Ledo Amarilla. Calma! Não precisa se desesperar, essa foi a primeira vez que o nome de Amarilla foi citado em True Detective. No banco de dados da polícia consta que Amarilla tem uma folha corrida longa de crimes sérios que inclui, mas não se limita a homicídio e tráfico de drogas. O cara parece estar ligado também ao Cartel mexicano de La Santa Muerte (ALERTA VERMELHO! - Quem lembra da estátua de Santa Muerte na casa de Caspere?)


Ledo poderia de alguma forma estar envolvido na morte de Caspere, e seguindo essa pista, os detetives (Velcoro, Ani e Woodrugh) se preparam para fazer uma visita ao bandido. Para não correr nenhum risco, Ani, que organiza a diligência, convoca um bom número de policiais, todos armados e vestindo colete à prova de balas. A ação é bem planejada e parte da delegacia de Polícia de Vinci, onde os comandantes e o próprio Prefeito Chessani desejam boa sorte ao grupo antes deste sair.

Ninguém desconfia, mas eles estão caminhando para uma emboscada.

No meio do caminho um bandido aparece em uma janela, armado com um fuzil e despeja uma rajada de balas. É só o começo do massacre. Policiais são alvejados e o grupo se protege onde pode. Tiros para todo o lado e um andar inteiro explode - seria um laboratório de crystal-meth. Mais tiros e o Detetive Teague "Dix" Dixon leva um balaço na cabeça e beija a lona. A batalha campal se torna cada vez mais sangrenta a medida que o tiroteio se espalha pelas ruas de Vinci e acaba envolvendo um bando de civis que estavam protestando na frente de uma fábrica e um ônibus.

Cada um dos detetives tem a sua oportunidade de atirar nos caras maus, os comparsas de Amarilla estão fortemente armados, com um poder de fogo muito superior aos policiais. Pior do que isso, nenhum deles está preocupado em alvejar um inocente o que faz a contagem de corpos aumentar. Pelas minhas contas tivemos o seguinte saldo do massacre: cinco policiais, quatro bandidos e doze civis alvejados/mortos. Fiasco completo!

Ledo Amarilla é o último a ser morto, depois de tomar um refém e atirar neste, gritando o nome da Santa Muerte. Os detetives se entreolham e começam a medir o tamanho da encrenca em que se meteram. Uma ação policial em plena luz do dia, planejada por eles, acabou em um massacre no qual policiais e civis foram mortos. É o tipo da coisa que afunda carreiras e destrói reputações.

A detetive Bezzerides deve ser a mais afetada, afinal foi ela quem chefiou a ação. Velcoro e Woodrugh também não devem escapar sem uma reprimenda. 

Mas o que de fato aconteceu?


Parece claro assumir que os bandidos foram avisados que a polícia estava à caminho e que Ledo Amarilla vai servir de bode expiatório para a morte de Ben Caspere. Nada como jogar a culpa nas costas de um bandido mexicano, ligado ao Cartel e que, para colocar uma cereja no bolo, foi o causador de um massacre sem precedentes. Melhor ainda se ele fizer parte da Santa Muete, um grupo de bandidos que costumam empregar métodos brutais em suas execuções (como remover olhos e arrancar genitais com tiros de escopeta).

Incriminar um bandido de quinta num crime muito mais complexo, parece o tipo da coisa que um membros influentes da sociedade faria para se ver livre dos holofotes. Dá até para sorrir ao lembrar do Prefeito Chessani desejando aos policiais "boa sorte". Além de jogar a culpa nas costas de um bandido perfeitamente descartável, o plano também coloca os Detetives em maus lençóis. Ani e Woodrugh devem comer o pão que o diabo amassou agora, e mesmo Velcoro, dificilmente vai sair dessa incólume. O próximo episódio "Other Lives" (Outras Vidas) deve se concentrar no controle de danos e na crucificaçãodos envolvidos no massacre.

Os caras malvados, os verdadeiros responsáveis pela morte de Caspere (ou ao menos quem sabe demais), acabam de fazer uma jogada de mestre.

PISTAS E INDÍCIOS DO EPISÓDIO:

1) FRANK E O ABACATEIRO

É engraçado catar metáforas escondidas nas entrelinhas de True Detective. Em uma cena logo no início do episódio, vemos Frank e Jordan conversando com um agricultor que culpa a terra de má qualidade por uma safra ruim da plantação de abacates. A cena parece não tem nenhuma serventia, mas ela é bem clara.

A árvore de abacates que deveria ser frondosa representa a carreira de Frank como dono de terras que deveriam florescer e gerar frutos. Mas seus sonhos de legitimar os negócios e de se ver livre de seu passado criminoso esbarram em um terreno cheio de impureza e corrupção, assim como a terra em que a árvore foi plantada. Frank passa o episódio inteiro negociando com traficantes e extorquindo donos de condomínios baratos em busca de dinheiro fácil. É, a coisa não está fácil pra ele.

2) BLACK MOUNTAIN E MASSACRES

Já estava claro que o patrulheiro Woodrugh participou de alguma coisa barra pesada quando estava servindo no Iraque. Nesse episódio ouvimos um repórter perguntar a respeito de um massacre em Tikrit (uma importante cidade no Iraque, vital para a produção de óleo). 

A Black Mountain é o equivalente da Black Water, uma companhia que presta segurança às firmas de extração de petróleo operando no Iraque. Esses caras são MUITO barra pesada, verdadeiros mercenários com contratos estabelecidos com as principais companhias petrolíferas do mundo. Há boatos de que a Black Water esteve envolvida com massacre de civis e a destruição de vilas que escondiam guerrilheiros rebeldes. É bem provável que True Detective esteja se aproveitando desses acontecimentos. Se isso for verdade, Paul pode estar envolvido em um desses massacres e estar sob investigação. Como o massacre no final desse episódio vai repercutir na sua carreira, veremos no proximo capítulo, mas garanto que não será nada bom para sua carreira.

3) IRVING PITLOV

A principal revelação nesse episódio foi o envovimento do Psquiatra Pitlov com a primeira esposa do Prefeito Chessani. Está claro que o esquema envolve gente poderosa, mas a confirmação de que Pitlov está de alguma forma conectado ao passado do Prefeito, ao diagnóstico de sua primeira esposa como esquizofrênica e a morte desta são detalhes suculentos de uma conspiração.


E mais que isso, a ligação do pai de Ani, o guru do Instituto Panticapaeum com os dois é mais uma sugestão de que os responsáveis pela morte de Caspere são muito influentes e poderosos, bem de acordo com o que aconteceu na primeira temporada, quando o Rei Amarelo era venerado por gente importante na Louisiana disposta a vestir máscaras de animais e estuprar crianças.

4) A AURA VERDE E NEGRA DE VELCORO

Ok, pode não ser nada, mas foi um trecho muito estranho...

Quando visitam o Instituto, o pai de Ani diz que a aura de Velcoro parece preencher a sala inteira. Nas suas palavras o detetive "parece ter tido várias outras vidas". A cor de sua aura é verde e negra, o que segundo Ani não tem muita importância.

Dei uma pesquisada no significado de auras dessa cor:

SIGNIFICADO DE UMA AURA NEGRA: É o tipo de aura que drena ou puxa energia para si e ao fazê-lo a transforma. Ela captura a luz e a consome. Em geral acompanha alguém que não perdoa as próprias falhas e quem leva uma vida no limite correndo riscos e sofrendo ameaças. Também representa segredos e existências mal resolvidas, com tragédias e sofrimento. 
SIGNIFICADO DE UMA AURA VERDE:  É uma cor da natureza. Uma cor de saúde e de crescimento interior. Em geral representa alguém que está se desenvolvendo de modo espiritual e/ou buscando o equilíbrio.

Parece combinar com Velcoro e com a tentativa dele em mudar.

5) ATHENA E AS FESTAS
Ani faz uma visita a sua irmã Athena que fala um pouco a respeito de seu trabalho no fascinante mundo do "entretenimento adulto".

Athena faz questão de dizer que nunca tomou parte nas "festas com garotas" frequentadas por pessoas importantes. Isso sem dúvida é um aceno a algo que vai acabar aparecendo nessa temporada. Caspere com certeza está envolvido com prostitutas de luxo, bem como o Prefeito e possivelmente Pitlov e o próprio Elliott Bezzerides. Não duvido que os Detetives terão de pedir ajuda a Athena para entrar em uma dessas festas privadas nos próximos episódios. Isso parece ser extremamente importante, mas ninguém deu atenção a esse fato.


Se eu tivesse de apostar em algo, diria que Athena sabe de coisas que ainda não contou sobre essas festas. Se isso for verdade, ela ainda será muito importante na investigação.  

6) TERRAS CONTAMINADAS

Ficamos sabendo o que era aquele lugar sinalizado com bandeirinhas vermelhas no início do primeiro episódio. Foi a primeira cena da segunda temporada e eu me referi a ela no Recap sem saber exatamente o que significava. Lá eu já levantava a hipótese de que a placa alertasse para "Contaminação de Solo", e é exatamente isso que ela diz.

Ao que tudo indica, o lugar parece ser uma das áreas através das quais passa a Ferrovia que Caspere havia aprovado, uma região que segundo o funcionário da PEA (Escritório Americano de Meio-Ambiente) foi densamente poluída pelos despejos de Lixo aprovados pela Prefeitura de Vinci. Lembrando que os Prefeitos de Vinci segundo consta são sempre membros da Família Chessani que manda e desmanda na área "há mais de um século".

7) RAY VELCORO SUMINDO NA VEGETAÇÃO

Eu adorei essa: quando Velcoro vai fazer uma visita escondido ao filho e levar o presente, ele dá um jeito de sumir na folhagem assim que sua ex-mulher o chama. O menino se vira por um instante e quando olha de novo, Ray desapareceu. O que lembra essa cena dos Simpsons: 


8) SIMILARIDADE ENTRE OS EPISÓDIOS DAS TEMPORADAS

Isso pode ser apenas uma curiosidade, mas é legal lembrar que o Capítulo 4 da Primeira Temporada de True Detective guarda algumas similaridades com esse episódio da Segunda Temporada.

Anteriormente Cohle havia negociado com uma gangue de motoqueiros, os Iron Crusaders, na época que usava o apelido de Crash e estava infiltrado. Cohle acompanha seus antigos parceiros em uma investida a uma casa controlada por uma gangue rival que acaba em um tremendo massacre.

Mas a similaridade não é só essa:

Em True Detective, Cohle e Hart conseguem descobrir o esconderijo d eum bando de caipiras metidos com o Rei Amarelo e que haviam sequestrado crianças mantidas em cativeiro nos arrebaldes do pântano. Os dois dão cabo dos caipiras, resgatam as crianças e saem como heróis. É claro, aquilo não passava de uma parede de fumaça, na ocasião, a culpa pelos crimes era jogada nas costas de uns caipiras enlouquecidos metidos com drogas pesadas. Algo bem parecido com a tentativa de colocar na conta de Ledo Amarilla a culpa pela morte de Ben Caspere. Diferente da primeira temporada, entretanto, os detetives nessa segunda temporada dificilmente vão emergir do massacre como heróis.

9) LA SANTA MUERTE

Ledo Amarilla é identificado como um bandido ligado aos cartéis mexicanos que rendem homenagem a Santa Muerte.

Esses bandidos são barra pesada, estão entre os mais temidos criminosos ao sul da fronteira, conhecidos por torturar e deixar cadáveres mutilados como lembrança de suas atrocidades e cartão de visitas para informantes. A morte de Caspere poderia ter ligação com esses caras? Vamos lembrar que na casa dele havia pelo menos duas estátuas de Santa Muerte.

E o nome "Amarilla"... "AMARELO" em espanhol, não sai da minha cabeça.

Só coincidência? Provavelmente.

8 comentários:

  1. Excelente análise! Vale lembrar que durante o tiroteio Velcoro e Bezzerides estavam bem perdidos, enquanto o Woodrugh entrou no modo soldado, equilibrando um pouco a situação, chegando inclusive a salvar a Ani. Já estou na espera pelo próximo episódio e por mais um recap.

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    1. E ao final, enquanto todos estavam abismados, Woodrugh estava relativamente tranquilo, em pé. Estava em casa. Ele quem fez contato visual com o bandido.

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  2. Ainda comparando os episódios das temporadas Ledo Amarilla e os caipiras são bodes expiatórios porem na primeira temporada o assassino final Errol Childress era outro caipira! um pouco diferente dos dois primeiros, um pouco mais interessante até mas era só isso! eu particularmente terminei a primeira temporada com a sensação de que Errol era só mais um bode expiatório assim como Amarilla e os outros dois caipiras são! essa similaridade nos episódios me assombra o medo de la no ultimo episodio termos outro Amarilla/Errol Childress como caso encerrado.

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  3. Como sempre, ótima análise do episódio. Achei meio forçado só sobrarem os protagonistas no meio daquele caos de tiro. E estou achando a segunda temporada sem aquela aura de mistério e estranheza que permeava cada cena e locação da 1a temporada. Espero que fechem a trama atendendo as altas expectativas dos fãs.

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  4. Fala, King!
    Grande episódio este, cada vez mostrando que a série continua com aquele véu tênue flertando com o sobrenatural.
    Falando sobre as auras, duas coisa me chamaram atenção na fala do Elliot: "Você tem uma das maiores auras que eu já vi, ela preenche esta sala inteira" e depois "Você deve ter vivido milhares de vidas". O fato de a aura ser grande, pode ser boa (muita energia emanada) ou ruim (sufocante e claustrofóbica). Quanto as milhares de vidas, imagina o quanto Ray não "morreu e ressuscitou" a cada mudança, desde o policial no flashback do primeiro episódio até o tiro que tomou do final do segundo, cada escolha, cada mudança, pode significar uma vida que foi deixada pra trás, (pode ser muita viagem, mas eu tive esta impressão, hehehe)
    Outro detalhe legal foi quando Athena fala com a Ani sobre as festas, falando que estas com pessoas importantes acontecem em todo lugar e especifica o norte. Em que lugar da Califórnia fica o Bohemian Grove? No norte! Cada vez mais acho que vão desembocar por este lado mesmo.
    Abraços e até o próximo recap!

    Ps. Também lembrei dos Simpsons na cena do Ray sumindo nos arbustos. o/

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  5. Luciano,

    Onde você cita no seu texto Black River, não seria a empresa de segurança privada BlackWater, que agora mudou de nome para Academi??

    Abraco!

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    1. Sim, por alguma razão eu sempre acabo me referindo errado. Você está 100% certo e vou corrigir imediatamente. Obrigado zakaryx!

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  6. É impressão minha ou a filha do prefeito tinha um colar em forma de olho?

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