domingo, 23 de outubro de 2016

Das Estrelas para as profundezas - Restos da Explosão de uma Supernova encontrados no Mar

Em algum momento, há aproximadamente 2,6 milhões de anos atrás, uma estrela explodiu a 300 anos luz de distância da Terra. Após essa violenta explosão, nosso Sistema Solar se moveu lentamente através dessa área com detritos, e pequenas partículas de poeira cósmica que adentraram em nossa atmosfera mergulhando em nossos oceanos a uma velocidade inconcebível. A composição química dessa poeira estelar deveria ter se dissipado, mas um cientista passou os últimos anos varrendo o leito submarino à procura de restos dessa supernova.

Muitos achavam impossível localizar alguma coisa.

Mas ele não apenas teve sucesso, como também conseguiu determinar exatamente como ela foi preservada por milhões de anos e de onde ela teria vindo.

Em uma nova tese, publicada pela Academia Nacional de Procedimentos Científicos, Shawn Bishop, um astrofísico alemão da Universidade Técnica de Munique, detalhou os resultados preliminares de seu extensivo estudo a respeito de bactérias fossilizadas coletadas do fundo do mar.


Nessas antigas amostras de bactéria, Bishop encontrou traços de Ferro-60 (60 Fe), um isótopo radioativo produzido apenas quando a massa de uma estrela explode. 60 Fe é uma substância que não existe na Terra, ela não está listada na Tabela Periódica. Ela tem uma existência muito curta em nossa atmosfera, se desintegrando após um breve período de tempo, portanto não deveria existir nenhum traço dele no planeta. Ainda assim, traços da substância foram descobertos por Bishop na crosta do Oceano Pacífico em 2004.

A teoria de Bishop é que os detritos da supernova se dissolvem rapidamente em um meio carregado de oxigênio, mas formam uma espécie de ferrugem que fica depositada no fundo do oceano. Uma vez lá, essa substância foi consumida por bactérias, formando cristais de magnetita - compostos de ferro e oxigênio - dentro de suas células. Mesmo que a bactéria esteja morta há muito tempo, esses cristais magnéticos e seus ingredientes de supernova, continuam inseridos dentro do fóssil.

Usando um Espectrômetro Acelerador de Massa (AMS) para examinar os sedimentos do fundo do Oceano Pacífico, Bishop foi capaz de contar átomos individuais de cristais 60 Fe, e calcular que os átomos vieram de uma supernova que explodiu por volta de 2,6 milhões de anos atrás, e posteriormente nosso sistema solar levou 800,000 anos para atravessar seus restos.

Imagine um automóvel correndo na direção de uma tempestade de areia, com pequenos fragmentos sendo arremessados com enorme velocidade contra o painel. A velocidade desses fragmentos seria tão grande que um simples grão poderia estilhaçar o vidro. Durante uma explosão, milhões de fragmentos são propelidos a uma velocidade de 3,000 milhas por segundo - algo em torno de 4,828,032 km por segundo!


De acordo com seus estudos, as partículas teriam vindo do Aglomerado Scorpius-Centaurus um dos grupos de estrelas mais próximos de nosso Sol. Várias estrelas entraram em estágio de supernova nesse aglomerado em nossa história recente, dispersando matéria através dos sistemas próximos e criando um vazio nessa área de espaço.

No curso de 10 a 15 milhões de anos - o que em termos cósmicos é praticamente, nada, uma sucessão de 15 a 20 supernovas ocorreram nesse Aglomerado. Essas explosões produziram uma área vazia, sem a presença de matéria, em um braço da Via-Lactea. Astrônomos estudando essa área, na qual nosso sistema solar está associado, a chamaram de "A Bolha Local".

Muito bem, tudo muito impressionante, mas isso nos leva a questões preocupantes a respeito dos efeitos dessa explosão em nosso planeta. Qual seria o resultado caso outra estrela próxima entrasse em Supernova?

"Devastador é a palavra mais adequada", explica Bishop.

Sem dúvida, explosões como a essa teriam um efeito dramático em nosso planeta. De fato, se nós estivéssemos a 30 anos luz ou menos dessa explosão, provavelmente não estaríamos tendo essa conversa. Um evento cósmico dessas proporções, sem dúvida, terminaria com a vida em nosso planeta e condenaria todas as formas de vida a uma extinção imediata. Há 300 anos luz, os efeitos puderam ser sentidos, mas em menor escala e de uma forma bem menos dramática.

E uma última consideração para aqueles que ainda não se sentiram ameaçados pela nossa insignificância cósmica:

"Vai acontecer de novo! Isso é certo." afirma Bishop com uma inabalável certeza. "O ciclo de vida e morte no cosmos se sucede e inclui as estrelas, tudo tem uma duração determinada. Haverá um momento em que estrelas próximas, ocupando esse mesmo aglomerado, entrarão em estágio de supernova e nós sentiremos os efeitos diretos disso. Mas nada será comparado ao dia em que nosso próprio sol passar por tudo isso". 

Nesse caso, prepare-se para  pior dia de sua vida.



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Aquele momento em que Azathoth boceja...


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